domingo, 27 de fevereiro de 2011

Cafajeste


O cafajeste atrai.
Ele seduz e engana.
É capaz de dizer qualquer coisa que imagina que queiramos escutar para conseguir o que deseja.
Pode dar indícios de que esta apaixonado, ou de que não importa mais nada além do que esta acontecendo naquele momento.
Mas, não é bem assim....
Por fora é direto, sem paixão, com garra e com fervor... por dentro, frio, calculista, objetivo e astuto.
E mesmo consciente de tudo isso, ainda nos deixamos levar.
É envolvente e perigoso, e o perigo é excitante. Levar um encontro predestinado, como uma coincidência. Levar um convite evidente, como um convite inocente, e assim bailar por entre seus dedos. Que tocam com desejo avassalador, que me beija apressado com medo de que eu escape.
Sem tempo para pensar ele aproveita cada segundo. Sem perceber já estou entregue a seus braços.
Beijos, dedos, língua e corpo a se entrelaçar.
É tentação de mais, resistir é quase impossível.
Se deixar levar é delicioso.
Meus lábios dizem não, mas minha boca quer a sua, e você a cala, não me dando chances de evita-lo.
E mesmo tentando impedir, você não desiste, você aperta, fala no pé do ouvido e me ganha.
Como fazer para evita-lo?
Como esquecer noites em que a chuva e o vento frio soprava lá fora, enquanto em nossa cama pingava-os de suor?
Como não querer repetir a dose? se sentir querida e única por alguns estantes.
Mas isso tudo é ilusão, ilusão de que ao virar as costas ele irá pensar em mim. Ou se quer ira ligar-me.
Convidar para um cinema? Com certeza não.
A vida social é agitada, e as mulheres têm de monte.
Ser só mais uma e me satisfazer por alguns instantes, ou esquecer e ficar a pensar o porquê não deixei rolar se era o que queria?
Dúvidas e pensamentos tomam o lugar das lembranças quentes, e sinto como um balde d'água gelada a cair em minha cabeça ao perceber que tudo o que fora dito e feito fora apenas para que a noite valesse a pena.
Gaia

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